Estamos em 2021 e os púlpitos brasileiros ainda são usados por muitos pregadores, pastores e líderes (homens e mulheres) para anunciarem eloquentemente, aos ouvidos ávidos por riquezas, uma teologia ‘haginiana’. Essa teologia, difundida décadas atrás pelo pastor Kenneth Hagin, vislumbra o evangelho como uma fonte de conhecimento que visa resolver somente o aspecto material dos homens, nada mais que isso.
Em sua visão, ele diz que “Deus quer que seus filhos vistam as melhores roupas, […] dirijam os melhores carros e tenham o melhor de tudo; apenas peça o que precisa”. Como se percebe, a semelhança entre o que pensava Hagin e muitos pregadores brasileiros é umbilical.
A par dessa verdade, voltemos ao que o país assistiu na última semana, publicado pelo Buxixo, sobre as brigas nas redes sociais entre defensores do pensamento do pastor Anderson Silva, que denunciou o pregador Leonardo Sale e a missionária Renálida Carvalho, como replicadores desse evangelho ostentação.
Adjetivando-os de ‘estelionatários da fé’, Anderson amplificou o debate e chamou a atenção para um fato: as redes sociais potencializaram o alcance desses pregadores do evangelho da ostentação junto às massas, que se nutrem de algo que pensam ser o Evangelho de Jesus, mas não passa de uma oratória de auto-ajuda recheada de palavras do “evangeliquês”.Se bem olharmos, quantas Renálidas e quantos Leonardos não se encontram nas páginas de Facebook, canais de Youtube, ou em lives no Instagram, com suas campanhas centradas no homem e suas necessidades, distorcem a mensagem cristocêntrica e facilitam o acesso aos “céus”, mas não o divino, e sim o topo do sucesso mundano.
No ensino veterotestamentário, quando os falsos profetas embalavam os ouvidos dos reis, sacerdotes e do povo em pecado, levando-os a crer que Deus estava se agradando de suas condutas, o Eterno logo em seu tempo levantava um de seus verdadeiros profetas para anunciar que o tempo do juízo viria e que aqueles deveriam se arrepender de continuarem pecando e dando ouvidos aos que pregavam o que Deus não chancelava.
Nosso Brasil, infelizmente, está cheio de falsos profetas, sejam nos púlpitos de uma igreja lá no interior paulista ou nas mega-lives no Instagram com quase 200 mil espectadores. É tempo de mais pastores verdadeiros e profetas (este no verdadeiro sentido neotestamentário, aquele que prega com autoridade a Verdade de Deus) se levantarem e livrarem o povo do juízo vindouro.
O evangelho ostentação tem embriagado homens e mulheres, jovens e velhos, todos sedentos pelas vidas de vitórias prometidas pelos falsos pregadores. Nesta sina, muitos ficam revoltados quando não alcançam as promessas feitas em troca de votos e sacrifícios envolvendo dízimos e ofertas. Triste, muito triste.
Uma coisa é certa: A mensagem de Jesus não seria aceita por estes propagadores do evangelho ostentação. Tachariam ele de falta de fé e de uma visão muito pequena. Praticamente um derrotado na fé.
Maranata!
Filipe Rocha: Pastor, jornalista e articulista cristão. Contribui no Buxixo Gospel e para outras mídias. Entende que a informação que gera conhecimento é a base da liberdade de qualquer grupo. Contato, dúvidas, sugestões de temas para artigos: filiperochajornalista@gmail.com