A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou na semana passada o uso da vacina da Pfizer em crianças de 5 a 11 anos, mas o governo vem adiando o início da vacinação.
O presidente Jair Bolsonaro, que diz não ter se vacinado contra a covid-19 e que ao longo da pandemia minimizou a importância dos imunizantes, já se pronunciou diversas vezes contra a vacinação de crianças menores. Ele chegou a ameaçar divulgar os nomes dos técnicos da Anvisa que liberaram a vacina da Pfizer para essa faixa etária.Na noite desta quinta-feira, Queiroga confirmou que o contrato com a Pfizer prevê o fornecimento das doses necessárias para a vacinação de crianças de 5 a 11 anos.
O ministro disse ainda que o Ministério da Saúde vai submeter a consulta pública um documento com as recomendações para a vacinação de crianças, e que a aprovação desse documento deverá ser feita até 5 de janeiro.
Segundo a imprensa brasileira, será a primeira vez que o governo federal publica documentos em consulta pública antes de iniciar a aplicação de doses da vacina contra a covid-19 - e isso deve atrasar ainda mais o início da imunização infantil.Menção à Alemanha
Na coletiva, Queiroga mencionou a Alemanha como exemplo do modelo de vacinação infantil a ser adotado pelo Brasil.
"Dada a sensibilidade do caso, nosso entendimento é muito parecido do que acontece na Alemanha, onde há recomendação médica, onde se contempla os casos que têm comorbidades e se respeita a decisão dos pais", afirmou o ministro.
A imunização de crianças entre 5 e 11 anos de idade já teve início na União Europeia (UE). Na Alemanha, a Comissão Permanente de Vacinação (Stiko, na sigla em alemão) oficialmente recomenda o imunizante anticovid apenas para crianças com doenças pré-existentes ou que tenham contato com outras pessoas com alto risco de desenvolver covid-19 grave. Contudo, mesmo crianças que não se encaixam nessas exceções já podem ser vacinadas se os pais solicitarem."Não há emergência"
O anúncio de Queiroga vem logo após o ministro ter afirmado que não há emergência em vacinar crianças menores de 12 anos.
"Os óbitos de crianças estão dentro de uma patamar que não implica em decisões emergenciais. Ou seja, isso aqui favorece que o ministério tome uma decisão baseada em evidência científica de qualidade, na questão da segurança, da eficácia e da efetividade", afirmou Queiroga.
Segundo o jornal O Globo, 301 crianças morreram no Brasil em decorrência da covid-19, ou uma a cada dois dias. Em entrevista ao veículo carioca, o diretor-presidente da Anvisa, Antonio Barra Torres, chamou o número de uma "estatística macabra".