O cantor gospel Leonardo Gonçalves concedeu uma entrevista ao teólogo Rodolfo Capler para a revista Veja, onde o tema foi “o ódio político na igreja evangélica”.
O artista disse que os evangélicos conviviam como irmãos e em unidade, mesmo com a maioria deles sendo conservadora e 20 a 30% sendo de esquerda. No entanto, após o bolsonarismo reacionário, tudo se tornou mais complicado.
Para Leonardo, grande parte dos cristãos comprou esse “pacote” de guerra cultural, em que tudo o que não é do seu lado, automaticamente se torna inimigo e precisa ser eliminado.
“Essa mentalidade bélica, que acabou sendo recheada por um vocabulário bíblico, representa uma ameaça real para todos aqueles que pensam diferente”, disse ele.
Gonçalves também afirmou que a união entre a política partidária e a igreja contribui para a incitação da polarização e do ódio político entre os fiéis.
“As questões políticas estão encharcadas de uma religiosidade. Digo isso em relação à tendência de transformar discordâncias em relação a como enxergamos e/ou lidamos com políticas públicas como uma questão de vida ou morte”, disse o cantor, relembrando o caso de assassinato do guarda municipal petista Marcelo Arruda, que foi morto por um bolsonarista no dia 9 de julho.
O artista gospel finalizou a sua entrevista aconselhando os eleitores evangélicos a fugirem da instrumentalização da religião ou de valores religiosos para a eleição de qualquer candidato.
“Abandone qualquer grupo, igreja ou púlpito que tente fazer isso”, finalizou Gonçalves.