Seu nome era Maria da Graça Costa Penna Burgos, mas ela nunca precisou de tudo isso. Com uma voz única, bastou Gal. “Meu nome é Gal”, diz, em uma de suas gravações mais famosas. A cantora Gal Costa morreu na manhã de hoje (9), aos 77 anos. A informação foi confirmada pela assessoria de imprensa da artista à Forbes Brasil, mas a causa da morte ainda não foi divulgada.
Uma das maiores vozes da música brasileira, Gal havia cancelado shows em novembro para se recuperar de uma cirurgia de retirada de um nódulo na fossa nasal direita. A artista iria se apresentar no festival Primavera Sound, no último final de semana, mas teve sua participação suspensa na última hora.
A baiana, nascida em 1945, acumulou mais de 55 anos de carreira nos palcos e 40 álbuns gravados – o primeiro lançado em 1967, em dupla com Caetano Veloso, com quem manteve uma forte parceria. O sucesso, aliás, começou na cidade natal, Salvador, ao lados dos amigos Caetano, Tom Zé, Gilberto Gil e Maria Bethânia. Em 1968, fez parte do disco Tropicália, parte do movimento que envolveu cinema, música e artes plásticas e foi um marco da cultura nacional. Na década de 80, interpretou “A História de Lili Braun”, em um musical assinado por Chico Buarque e Edu Lobo, que também marcou época.
Conhecida por ser extremamente afinada e por seu timbre de voz agudo característico, trabalhou ao lado de grandes nomes da música brasileira, a exemplo de Caetano, Maria Bethânia e Gilberto Gil, que juntos formaram o grupo “Doces Bárbaros” na década de 1970 para comemorar os dez anos de carreira solo de cada um.
Com sucessos do calibre de “Festa do Interior”, “Bloco do Prazer”, “Meu Nome É Gal” e “Meu Bem, Meu Mal”, a baiana que ousou desafiar os costumes e as tradicções definiu uma geração e inspirou uma série de outras artistas mulheres que vieram depois dela. Na década de 90, cantou “Brasil”, uma crítica ao país, com os seios nus, em um espetáculo polêmico dirigido pelo dramaturgo Gerald Thomas. “Acho que essas mulheres que se destacam, que se empoderam, já fazem naturalmente um trabalho feminista, sem intenção de ser feminista. Não sou feminista, mas acho que o futuro será das mulheres. No futuro, a gente vai dominar”, declarou.